Por: Márcia Etelli Coelho
MEDICINA DO TRABALHO
Atrás da colina, ao raiar da alvorada,
erguia-se um vasto e formoso jardim.
Eu era criança em curiosa jornada
e as rosas contavam segredos “pra” mim.
Que a vida é ciranda e este mundo, um moinho,
girando entre o acaso e o implacável porquê.
Depressa eu cresci... Procurei outro ninho,
tentando encontrar nem eu sei mais o quê.
Talvez o desejo de ver bem feliz,
em outros locais, natureza sorrindo.
Talvez tentação... Como um mero aprendiz
sem hora ou demora, eu sorri... E fui indo.
Aos poucos, porém, muitas cordas de aço
mudaram meu passo, abalaram a calma.
O peito vazio... E em vez de um abraço,
sorriso chorado invadiu minha alma.
Perdi mocidade, ilusão e as apostas,
restando somente o revés de um avesso.
Eu olho “pro” céu e procuro respostas.
Talvez as encontre de volta ao começo.
Então eu regresso e vislumbro a colina,
a mesma que tanto encantou minha infância.
Um sonho, esquecido, tenaz, me fascina,
disperso no tempo e na longa distância.
Voltando ao jardim, eu me sinto criança
e as rosas me falam do amor que há na prece.
O Sol a nascer tinge o céu de esperança.
Milagre da vida que ainda acontece.
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Vencedor "Prêmio Bernardo de Oliveira Martins" 2017-2018