quarta-feira, 11 de março de 2020

UM FATO RECORDA O OUTRO


Por: Luiz Jorge Ferreira
CLINICA GERAL

Após ler um texto de Fernando Canto, em que ele traz nas recordações um pouco do Carnaval de Macapá, fui levado até ao princípio dos anos 60, mais precisamente 62, em o período de maior frequência da garotada da minha geração moradora nas imediações da Sede Escoteira Veiga Cabral, no bairro do Laguinho, local em que muitos esportes eram praticados; e sob a batuta do Chefe Humberto, também, as artes: encenações de cordões juninos, peças teatrais e espetáculos musicais.

Por época de quase fevereiro de 1962, a recordação nos leva até o Bloco Caçula do Laguinho. Era um Bloco Infantil criado a partir da observação de Seu Paulino, pai do Joaquim Ramos – o Quincas – exímio passista, que com outros meninos, do lado de fora da Sede Escoteira, no espaço entre a Sede e o Campo de Treinamento do São José, munidos de latas vazias de Cera Poliflor e velhas frigideiras já sem uso, batucavam e obedeciam ao apito por assobio do Lelé; batucavam, cantavam e criavam
Sambas, muitos até copiados do Boêmios do Laguinho, ou dublês de alguns sambas enredo do Rio.

Seu Paulino colocou ordem na casa. Fez os garotos obedecerem ao posicionamento, criou paradas para a batucada fazer um breque, conseguiu fantasias para as Pastoras, Porta Estandarte e Mestre Sala e uniformes para os batuqueiros, tudo muito organizado.

Íamos já depois de muitos ensaios, às Batalhas de Confete, que aconteciam em vários bairros inclusive no próprio Laguinho, defronte a Casas Comerciais de importância renomada, por toda cidade em festa.

O Caçula do Laguinho, por ser formado por crianças na faixa dos 10 a 13 anos, tinha o acompanhamento dos pais ou responsáveis; D. Josefa, era uma dessas pessoas, com muitos dos seus filhos e filhas sendo participantes: Pedro Ramos, Joaquim Ramos, Neck e algumas das suas filhas.
No Segundo ano de Desfile, no ano de 1963, o Bloco já criava seus Sambas, coletiva-mente com Nonato, Luiz, Lelé, Saçuca, Pedro, Zeca, Tomé, Munjoca, Arlindo, Queiroz, Joaquim, Zé Paulo, Sacaquinha, seu Rô...  As irmãs, as primas, e as amigas, engrossavam o coro.

Os Caçulas do Laguinho fizeram a alegria dos pais dessa petizada Carnavalescamente precoce. O pai do Saçuca – seu Sussuarana –, providenciava os couros para os instrumentos de percussão, e as caixas de madeira para criar os tambores. O Gabi, o Zé Cueca ou o Cecilio davam um jeito de arrumar.

Afinar era fácil: uma fogueira, e pô-los a esquentar seus couros, e baquetas na mão, batendo de leve e ouvindo o som apurar no tom.

Destes participantes do Caçula, amigos de infância, muitos munidos de seus Sambas, com o som dos seus repiques no ar, não estão mais conosco. Porém muitos destes enveredaram pelo caminho da Arte e ainda nos proporcionam alegria com suas criações.

Foi só ler o texto do Fernando e parece que me arrumei na casa do Lelé. Desci a Av. Ernestino Borges: frigideira na mão, pés tirando poeira da rua e toda a felicidade na cara sorridente, nascendo as primeiras espinhas.

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