Por: Pedro Durães Serracarbassa
OFTALMOLOGIA
Saudade do tempo
em que as máquinas eram de escrever
Dos amigos que perdi no caminho
Dos vizinhos que se mudaram
Da escola de porta aberta
e suas longas escadas
Dos amores que imaginei
e das mulheres que fingi amar
De dançar ingenuamente frente
a televisão
Da coleção de selos que me fez
reconhecer o mundo
De escrever estórias de começo
e fim sabidos
De procurar discos raros no centro
De esperar meu pai chegar
e de não saber que um dia ele partiria
Da mão dada de minha mãe no parque
que hoje não reconheço mais
Do mar de horizonte sem fim
Do dinheiro contado
pra bala e pro gibi
Dos jogos de bola na rua
quebrando vidraças
Do bairro que tudo ali continha
Tudo parecia tão simples
O tempo corria mais lento
Como não viver do passado
se o presente esmaga e se apressa
em apagar o futuro.
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