domingo, 15 de março de 2020

COISAS QUE VIVI


Por: Pedro Durães Serracarbassa
OFTALMOLOGIA


Saudade do tempo
em que as máquinas eram de escrever
Dos amigos que perdi no caminho
Dos vizinhos que se mudaram
Da escola de porta aberta
e suas longas escadas

Dos amores que imaginei
e das mulheres que fingi amar
De dançar ingenuamente frente
a televisão
Da coleção de selos que me fez
reconhecer o mundo

De escrever estórias de começo
e fim sabidos
De procurar discos raros no centro 
De esperar meu pai chegar
e de não saber que um dia ele partiria
Da mão dada de minha mãe no parque
que hoje não reconheço mais

Do mar de horizonte sem fim
Do dinheiro contado
pra bala e pro gibi
Dos jogos de bola na rua
quebrando vidraças
Do bairro que tudo ali continha

Tudo parecia tão simples
O tempo corria mais lento
Como não viver do passado
se o presente esmaga e se apressa
em apagar o futuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...