quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

FERIR



Por: Maria Gertrudes Vagliengo Focássio
MEDICINA DO TRABALHO
gertrudes.tuty@terra.com.br

Como a erosão gera, na terra, a falésia,
a dor imprime uma chaga no coração
A alma fendida desaba, em poesia
e lágrimas musicadas, compondo a canção.

Enquanto a gaivota sobrevoa região ignota,
inóspita, inserida no universo insano,
os olhos tristes choram a derrota;
são tantas gotas que formaram o oceano.

Qual a brisa que serpeia entre os coqueiros
torna-se vendaval que revolve o mar,
um pequeno deslize entre companheiros
pode rompimento e dor acarretar.

Lágrimas das nuvens borrifam as plantinhas,
mas podem tornar-se poderosos temporais.
Uma palavra inconveniente nas entrelinhas,
consegue às vezes criar distâncias abissais.

O ser humano que magoa, indiferente,
ressaltando discutíveis atributos seus
causa no outro um queloide incandescente;
distancia-se mais e mais de Deus.

***

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