quinta-feira, 27 de outubro de 2022

CINE PARADISO

 

Saindo da tela, de longe se avista

personas que contam histórias de um povo.

Estrelas nascidas com alma de artista

desfilam qual Páscoa em carruagens de fogo.

 

No embalo da noite, um coração valente,

estranho no ninho, se faz gladiador.

Um mago aprendiz em silêncio, inocente,

no Bem urbaniza o amor, sublime amor.

 

Noviça rebelde conversa com aquela

que na forma da água vence a timidez.

Na dança com lobos La Land revela

que um vil cidadão caça andróide e ETs.

 

Com rastros de ódio, talvez psicose,

a rede intriga o tigre e o dragão.

Titânico amor sobrevive à morte.

Um guia exorciza o poder do chefão.

 

Os homens caminham, assim, sem destino,

sob a luz do luar, cantando na chuva.

E a linda mulher com um sexto sentido

protege o garoto enlaçando ternura.

 

Em tempos modernos o grande avatar

espera um milagre no campo dos sonhos.

O céu testemunha e até pode esperar

que na casa branca haja um sol para todos.

 

Senhor dos anéis no retorno decreta

que a arca perdida é uma grande ilusão.

Discurso do rei diz que a vida é tão bela.

Melhor? Impossível... Que venha a missão.

 

Pois eu, cisne negro, sonhei liberdade.

Da lista, porém, quase nada restou.

Vestígios do dia: suplício e saudade

de um paradiso que o vento levou.

 

Márcia Etelli Coelho

Segunda Menção Honrosa

Prêmio Bernardo de Oliveira Martins 2021

 

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