"Minha cidade amanheceu cobertas de nuvens. Empino um pensamento colorido..."
E com ele crio um sol sorridente que acorda os Bem-te-vis, faz cócegas nos Sábias, e puxa as orelhas dos cães vadios que cochilam debaixo das estátuas nas Praças, onde uma chuvinha de nada criou lindas poças d'água.
Minha
cidade cresceu demais, ficou barulhenta, se fez ficar com um sotaque...
Nipohebraicoitaloportugues...
Minha
cidade é de todas as idades, de todos os costumes, de todos os temperos, de
todos os desmazelos, de todas as danças, de todas as transas, de todas as
prosas, de todas as rosas, de todos os abraços, de todos os beijos, de todos os
queijos, de todos os credos, de toda a fé, de todo o Axé, de todos os Deuses.
E
porque te quero, e porque me queres, não te dou adeus, quando eu for de vez, eu
me abrigarei para sempre em teu chão, ou queimarei, e como tua fumaça subirei
ao céu poluído que te abraça.
Mas
hoje feliz, meu coração Ipiranga grita...
Minha
cidade amanheceu coberta de nuvens.
Empino
um pensamento colorido...
E
tal qual como se tecesse um vestido de rendas, cubro São Paulo.
LUIZ JORGE FERREIRA
Melhor Poesia – Prêmio Bernardo de
Oliveira Martins 2020
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