sábado, 20 de março de 2021

BERRO VERDE


O berro do Rio, berrou.

As águas o casco abriu.

A chuva cuidou caiu.

O seco calor suou.

Nas pedras Caldeira a pé.

Deitou a vez de andar.

Amanheceu ar no ar.

E se fez Belém do Verde.

Belém...Pedreira...Guamá.

O Rio barrentou o mar.

Pariu Tajá Marajó.

A Régia do meu Pará, banhando em Icoaraci.

Mangueira a se embriagar, embala daqui p'ra'li...

um sonho bom de chegar, açaizal açaí.

O Bar Quiosque a beber a Paz que o Teatro tem.

A Cobra Grande no Porto, o Carmo da Cabanagem.

O sal e a Sé não esquecem o Cirio longo dos passos.

Sob o mormaço, maré, maré de gente vazante, pororocando,minguante.

A rua antiga cidade, Batista Campos maior.

Cantando com o Boto Preto, o canto do Sabiá.

O Forte chora verdade nas águas do Guajará,

do céu um azul azul encobre cascos e velas da 'Deusa de Áfua'...

Outeiro, Mosqueiro e o Largo, refletem Luar no Bosque...

Morena vem Ver-o-Peso, beber na cuia teus sonhos, lamber a ponta dos dedos...

Amando o verde que cerca, o verde que cerca o verde.

Belém desta rua Alfredo, cantando prosas sorri...

Nas sestas do mano amigo, o papachibe querido.

No São João, as passaradas, cantigas, caranguejada.

Momo Gordo, Carimbo!

Paid'égua que eu sou daqui.

Paid'égua que eu sou daqui.


LUIZ JORGE FERREIRA

Menção Honrosa do Prêmio Bernardo de Oliveira Martins 2019


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