quinta-feira, 11 de abril de 2019

SENSAÇÕES



Por: Aida Lúcia Pullin Dal Sasso Begliomini
ENGENHARIA

Vejo seu corpo nu
Dorme envolto por coloridos lençóis,
Seus olhos estão cerrados,
Seu semblante é calmo,
Acho que sonha.
Sua respiração é cadenciada,
Sua boca entreaberta,
Deixa transparecer alvos dentes,
Esboçando um sorriso satisfeito,
Saciado o desejo.
Suas mãos repousam,
Apoiadas no travesseiro,
Mãos hábeis e ternas,
Capazes de percorrer sinuosos caminhos,
Sentindo e produzindo sensações.
Meu corpo ainda a pouco,
Unido ao seu estava,
Agora sentada na cama,
Vejo e sinto seu cheiro,
Deixo-me levar em devaneios,
Ao seu lado me aconchego,
Relaxo e adormeço.

DO AZUL E DOS SONHOS



Por Alitta Guimarães Costa Reis
PSIQUIATRIA

Quando acordou, os seios cheios de sol,
sonhava com aflições, perdas e dores.
E devia ser assim, todas as noites,
pois, pela manhã, o rosto já dizia.
Sem queixas, sem remédio, sem compaixão,
para onde correr, contra o que lutar?
Para imaginar, tinha o resto do dia...
sabia do risco de ir muito fundo.
Fechou os olhos e se ajeitou na cama.
De repente, entrou no azul profundo.
Tudo ficou profundamente azul.
E do azul teceu-se uma paz completa,
inventando o amor em doce regaço,
pura música, em ouro, em cristais...
puro prazer de barco livre do cais,
ocupando todo o tempo e todo o espaço.
Por ironia, acordou. Sonhos malvados!
Emergiu bruscamente do mundo azul,
aterrissou em seus lençóis amassados,
retornou de chofre àquela manhã
absurdamente real e luminosa.
O sol já ardia um pouco em sua pele.
O azul bonito, cheirando a infinito,
se esvaíra. Por ter criado contraste,
o sonho fora mais cruel que os outros.
Teria todo dia para lembrar
que havia perdido o que era seu,
de direito: paz profunda e amor perfeito.

ATROCIDADES DO MUNDO



Por Mario Nilton Pinto Werneck
CARDIOLOGIA

Vemos nos dias que correm
As mesmas práticas políticas
De rapinagem e corrupção
Que acompanham o homem desde sempre.

Só promessas de dignificação,
Nada mais do que promessas.
As atitudes provam a mesmice:
Nada de novo no front

Assisto barbarizado,
Infeliz, desapontado
E descrente do ser humano
Por seu total despudor.

E a grande massa,
O povo despreparado,
Até para viver,
Continua ingênua
e despudoradamente enganado.

Primeiro, por não ter base na vida
Para viver
E depois, por não ter a própria vida
Por viver
E ser joguete dos poucos
Que são detentores do poder.

E como tal,
Tomam em suas mãos
O poder de forma atroz
A vida do mundo...

SERÁ QUE TE MANDO FLORES?


Por Walter Whitton Harris
ORTOPEDIA

Será que te mando flores
Juntamente co'um pequeno cartão
Ou preferes que te remeta apenas
Uma fatia de meu coração?

Essa dúvida cruel me assola
Desde o instante em que te vi,
Apaixonei-me por teus lindos olhos
Ao ficar bem perto de ti.

Meu desejo é incontrolável,
Não sei mais o que fazer
Pois vivo cada momento
Apenas para te rever.

Tu me deste um beijo gostoso
Vindo da pura inocência do teu ser
Depois me abraçaste, carinhosa
Que só me fez enlouquecer.

Passamos juntos momentos fugazes;
Quero voltar a segurar-te a mão,
Ficar de novo a teu lado
E dizer-te o que sinto no coração:

Tu és tão linda, Mulher!
Nos meus sonhos, de rara beleza
Beijar teus lábios rosados
Quero agora, com muita certeza.

Será, então, que te mando flores
Ou esse poema que fiz aqui?
A saudade que me oprime o peito
É do amor que nutro por ti.

QUANDO EXPLODE O AMOR



Por José Jucovsky
IN MEMORIAM

Desperta na ventura do primeiro amor
Olhares que aprisionam sentimentos
Lampejos que irradiam exuberante ardor
Irresistível encanto de ternos pensamentos!

Secretas poéticas românticas paixões
Entoam aos céus imaginaria magia
Utópica fuga em cascata de emoções
De mãos dadas num vasto mar de fantasia!

Audazes infindos afagos iluminados
Arco-íris de corações apaixonados
Tinge de rubro angelical sorriso...

Aninhado idílico sonho amoroso
Vive em êxtase triunfante, glorioso,
Sussurra versos no afortunado paraíso.

A IDADE PESA



Por: Evandro Guimarães Sousa
PNEUMOLOGIA

Há alguns dias, logo após uma reunião científica, eu conversava com uma aluna do curso de pós-graduação sobre seu projeto de pesquisa. O bate-papo estava muito interessante, pois esta aluna é muito inteligente, dedicada, educada e, além do mais, linda e charmosa. Depois de algum tempo que conversávamos, apareceu um jovem vestindo uma jaqueta com o emblema da Universidade e usando um crachá da mesma instituição. Aproximou-se, não disse patavina e entregou-me um impresso. Curioso, abri o papel dobrado e surpreso verifiquei que se tratava de um convite para participação em um programa de atividade física para idosos promovido por esta Universidade. 
Confesso que fiquei desconcertado na presença da aluna, que ao tomar conhecimento do que se tratava, tentou manter o ritmo da conversa, porém com aquela expressão de quem está louca para cair na risada! Pedi licença, informando que tinha outro compromisso e tratei de safar-me rapidinho daquela situação.
Mais adiante pensei com meus botões. Será que ele me entregou o papel porque tenho ainda alguns cabelos brancos ou foi só para acabar com o meu entusiasmo por estar conversando com a pós-graduanda?
Resolvi ler tudo o que estava escrito. Tratava-se de um programa de treinamento físico para avaliar o efeito do exercício relacionado com o sono, a memória e a capacidade funcional. Muito interessante, pois eu tenho mais de 60 anos e, de acordo com o Estatuto do Idoso, poderia ser beneficiado pelo projeto. Além do mais, não haveria nenhum custo aos participantes. Excelente! Eu já estava entusiasmado, pois não posso acrescentar nenhuma despesa adicional aos meus gastos mensais.
Outro requisito para ser selecionado, era o de não praticar exercícios físicos regularmente. Exatamente o meu caso, considerando que muito raramente pratico uma caminhada!
O voluntário não poderia ser portador de nenhuma doença crônica. Vou me matricular, já que só tenho um discreto problema com algumas juntas que insistem em permanecer endurecidas durante o período da manhã. No entanto, a minha pressão arterial está perfeitamente controlada.
Outro item: o candidato devia ser do sexo masculino. A vaga é minha, exclamei feliz da vida! Entretanto, fui fulminado pela última exigência, pois o indivíduo deveria ter idade igual ou superior a 65 anos.
Que decepção! Eu integro aquele grupo etário que é considerado como idoso, porém não posso receber as benesses daqueles com 65 anos de idade. Não posso me candidatar a uma vaga no referido projeto e nem receber o passe livre do transporte urbano!
Inconformado com esta situação fui buscar auxílio no dicionário e verifiquei, a contragosto que, idoso é um indivíduo com muita idade, um velho! Esta descoberta não me trouxe nenhum alívio, muito pelo contrário, piorou muito o meu estado de ânimo.
Resolvi então apelar para o Estatuto do Idoso que determina no artigo 10º, inciso IV: é de responsabilidade do Estado e da sociedade assegurar à pessoa idosa a prática de esportes e de diversões. De posse desta legislação, fui até o endereço indicado, onde uma simpática secretária explicou que se tratava de um projeto de pesquisa envolvendo este grupo etário. Portanto, sem nenhuma infração ao já citado estatuto do idoso.
Retornei para casa muito abatido, com o moral baixo. De repente tive uma idéia brilhante, quem sabe a instituição não criaria um programa de treinamento físico para atender esta faixa etária intermediária.
Amanhã mesmo retorno ao Departamento sugerindo esta nova proposta. Já tenho até o nome na ponta da língua: Programa de Atividade Física para Idosos Juniores, isto é, um treinamento reservado para os adolescentes da terceira idade, abrangendo os colegas com 60 a 64 anos, 11 meses e 29 dias de vida!


terça-feira, 2 de abril de 2019

O BANDEIRANTE - nº 317 - ABRIL 2019


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O BANDEIRANTE - edição 317 - Abril de 2019

Editorial: 


Um importante cinquentenário


Em 1939 o Dr. Eurico Branco Ribeiro fundava o Sanatório São Lucas, no bairro da Liberdade em São Paulo. Na época ele, talvez, não imaginava que tempos depois o local seria a sede da SBEM -  Sociedade Brasileira de Escritores Médicos que ele próprio fundaria e que a partir de 1979 passou a denominar-se SOBRAMES Sociedade Brasileira de Médicos Escritores.
O Sanatório objetivava uma assistência mais humanitária aos doentes e um pólo de aperfeiçoamento para os médicos. A palavra sanatório referia-se ao ato de sanar, sarar, recuperar a saúde. E o nome São Lucas foi lembrado por ser o patrono dos médicos.
A partir de então, o Dr. Eurico começou a se interessar pela história da vida desse evangelista, iniciando uma ampla pesquisa que duraria 30 anos até a publicação de sua coletânea “Médico, Santo e Pintor” em 1969. Uma tarefa incessante que exigiu do Dr. Eurico muitas viagens, leituras, correspondências, intercâmbio, numa época em que ainda não havia a internet.
Essa dedicação nos faz pensar no quanto é importante ter um ideal que nos abrace e nos faça lembrar que a vida pode ser muito mais do que a luta pela sobrevivência.
Ao se comemorar o cinquentenário da edição do “Médico, Santo e Pintor” a SOBRAMES se prepara para uma Jornada que visa propagar os ideais de harmonia, confra-ternização e incentivo literário.
Que a chama sobramista iniciada pelo Dr Eurico se mantenha acesa por muitos e muitos anos.     
Depende de nós!

Márcia Etelli Coelho
Presidente da Sobrames-SP

Leia a edição completa clicando no link a seguir:
O BANDEIRANTE - ABRIL 2019

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